terça-feira, 3 de agosto de 2010

What will I miss...

Bom, como alguns sabem, os autores deste blog (eu e o Ale, pra quem não sabe ¬¬) voltarão a morar juntos a partir de setembro. Tudo que eu posso a dizer é que estou ansiosa com a mudança. O apto é legal, o prédio é bom, a região é excelente, walking distance do trabalho, preço ok. Enfim, qualidade de vida é sempre muito bem vinda não é mesmo?
Acontece que eu já tenho o costume de eventualmente voltar a pé para casa. É o momento do dia que eu uso para esvaziar a mente e pensar em tudo que esta me incomodando. Chego a ensaiar conversas na minha cabeça, sem falar no benefício do exercício físico gratuito.
Ontem foi um desses dias, criei coragem e fui andando da Vila Olímpia até a Bela Vista, só que além dos meus pensamentos, algo mais me chamou a atenção. O cotidiano das pessoas na rua, me senti uma telespectadora, algo meio Harvey Pekar e American Splendor, e foi algo assim tão impar pra mim que eu senti a necessidade de postar... segue abaixo três das situações que eu presenciei durante a minha odisséia.

1) Atravessando a JK com a Faria Lima, vejo uma mulher, toda arrumada, indo reclamar pro guarda da CET, que o segurança do Santander, trancou o estacionamento com o carro dela la dentro... tipo, já era quase 7 da noite. o banco fecha as 4. O que o carro dela estava fazendo lá dentro ainda? E ela suuuper chorava... tipo, se debulhando lagrimas, e apontava pro segurança, um velhinho super Papai Noel e falava:

"aquele senhor [snif, snif] ali trancou o meu [snif, snif] carro no estacionamento [snif, snif]"

E claro que quando ela dizia "aquele senhor" dava para cortar o desprezo dela com uma faca de tão sólido que era....

2) Continuando o meu caminho, passei em frente ao Kaa, para quem não conhece, um restaurante super mega caro (e delicioso, devo dizer) na JK, ouço 2 seguranças conversando sobre uma cliente que havia ido lá ontem e que na hora de ir embora, sem cerimônia nenhuma, tirou a calcinha do meio da bunda (sabe, quando ela fica encaixada e incomodando e tals...), por cima da saia mesmo (claro que eu por puro reflexo acabei fazendo a mesma coisa na hora... hahahaha... ai ai... se mata, né?)

3) Eis que quase chegando na Brigadeiro Luiz Antonio, tinham aqueles ambulantes que vendem espetinhos, milho, pipoca, etc... Então, reparo logo em um rapaz anunciando para todo mundo ali presente, que quinta feira é aniversario dele, e que ele irá comprar DOIS espetinhos e DUAS latas de cerveja... tipo, vai esbanjar horrores... será que eu estou convidada para a festa?

O resto do caminho foi sem maiores acontecimentos, mesmo porque depois começa a subida da Brigadeiro e eu só consigo me concentrar na minha respiração, e depois na descida, só me concentro em não ser assaltada. (Sim, esse é um medo constante, principalmente quando vejo marginais, pivetes e cheiradores de cola por perto)

Vou sentir falta dessa caminhada quando me mudar. E sim, vai vir alguém dizer que eu super posso caminhar e tals, mas não, não gosto de andar por andar, se não comprava uma esteira. Gosto de caminhar sabendo que vou chegar em algum lugar, com objetivo mesmo. Enfim, é isso.

Um comentário:

Armando B. Martins disse...

Oi Ana,
Eu também sou assim. Adoro andar (muito) com objetivo e, como você, fico reparando nas pessoas e nos fatos.
Numa cidade tão grande quanto a nossa, é legal notar as pessoas, realmente reparar nelas e saber que cada uma tem sua história.
Não se preocupe, mesmo morando perto do trabalho, você vai poder continuar caminhando... até o shopping, até o parque... compre um cachorro :-) é uma delícia a alegria do seu cãozinho passeando.
A cidade de São Paulo parece fria, mas não é. São milhões de pessoas iguais a nós... humanas.
Adorei teu post!
Abs!!!